quinta-feira, 9 de outubro de 2008

ELIAS - "Aquele para quem Deus é Jeová".

"O tisbita", o "Elias" do Novo Testamento é-nos repentinamente apresentado em 1Rs 17:1, ao levar uma mensagem de Deus a Acabe. Há uma cidade que é mencionada e que se chama Tisbe, a sul de Quades, mas é impossível dizer se este era o lugar a que se refere o nome que é dado ao profeta.
Ao transmitir a mensagem a Acabe, ele retirou-se, de acordo com as ordens de Deus, para um lugar alto junto ao ribeiro de Carite, para além do Jordão, onde foi alimentado por corvos. Quando o ribeiro secou, Deus ordenou que ele se dirigisse à casa da viúva de Sarepta, uma cidade de Sidom, com as escassas provisões de quem ele foi alimentado durante dois anos. Neste período de tempo, o filho da viúva morreu e foi ressuscitado por Elias (1Rs 17:2-24).
Durante esses dois anos, sobreveio uma fome sobre aquela terra. Quase no fim desse período de retiro e preparação para o seu trabalho (Gal 1:17,18), Elias encontrou-se com Obadias, um dos servos de Acabe, a quem o rei enviara à procura de pastagens para o gado e que Elias enviou de volta ao seu senhor para que lhe dissesse que ele estava ali. O rei veio encontrar-se com Elias e acusou-o de ser o perturbador de Israel. Foi, então, proposto que se oferecessem sacrifícios públicos, com o objectivo de se determinar quem era o verdadeiro Deus: se Baal, se Jeová. Reuniram-se todos no Carmelo e o povo caiu sobre o seu rosto, chorando: "Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!" Assim se terminou o grande trabalho do ministério de Elias. Os profetas de Baal foram mortos por ordem de Elias. Nenhum deles escapou. Então, imediatamente choveu, de acordo com a palavra de Elias e em resposta à sua oração (Tg 5:18).
Jezabel, furiosa com o destino que tiveram os seus sacerdotes de Baal, ameaçou matar Elias (1Rs 19:1-13). Alarmado, ele fugiu para Berseba e foi para o deserto, caminho de um dia e, desanimado, sentou-se debaixo de um zimbro. Enquanto ele dormia, um anjo tocou-lhe e disse-lhe: "Levanta-te e come porque muito comprido te será o caminho". Ele levantou-se e viu à sua cabeceira um pão cozido sobre as brasas e uma botija de água.. Tendo comido as provisões que lhe tinham sido, assim tão miraculosamente, trazidas, ele continuou a sua solitária viagem durante 40 dias e 40 noites até Horebe, o monte de Deus, onde se refugiou numa caverna. Aqui lhe apareceu o Senhor, dizendo-lhe: "Que fazes aqui, Elias?" Em resposta às suas desanimadas palavras, Deus dá-lhe a conhecer a Sua glória e ordena-lhe que volte a Damasco e unja Hazael, rei sobre a Síria, Jeú, rei sobre Israel e Eliseu, profeta em seu lugar (1Rs 19:13-21; comparar com 2Rs 8:7-15 e 2Rs 9:1-10).
Cerca de seis anos depois disto, ele avisou Acabe e Jezabel de que morreriam de uma morte violenta (1Rs 21:19-24 e 1Rs 22:28). Quatro anos depois, também avisou Acazias, que sucedera a seu pai Acabe, de que morreria em breve (2Rs 1:1-16). No intervalo entre estes acontecimentos, é provável que ele se tenha afastado para um calmo retiro, que ninguém sabe onde era. A sua entrevista com os mensageiros de Acazias no caminho para Ecrom e o relato da destruição dos seus capitães com os seus cinquenta sugerem que ele se possa ter retirado, nessa altura, para o Monte Carmelo.
Aproximava-se o tempo em que ele seria levado para o céu (2Rs 2:1-12). Elias teve um pressentimento sobre o que lhe estava para acontecer. Dirigiu-se para Gilgal, onde se situava uma escola para profetas e onde o seu sucessor Eliseu, a quem ele ungira anos antes, residia. Os filhos dos profetas celebraram o facto de o mestre de Eliseu partir em breve e este recusou-se a deixar Elias. "Ambos foram juntos" e dirigiram-se a Betel e a Jericó, atravessando o Jordão, cujas águas "se dividiram para as duas bandas", quando Elias as feriu com a sua capa. Chegados a Gileade, que Elias deixara muitos anos antes, "sucedeu que, indo eles passando e falando", foram separados por um carro e cavalos de fogo; e "Elias subiu ao céu num redemoinho", recebendo Eliseu a capa de Elias, que caíra sobre ele, à medida que Elias ia subindo.
Nenhum dos antigos profetas é tão frequentemente mencionado no Novo Testamento. Os sacerdotes e os levitas disseram a João Baptista (Jo 1:25): "Por quem baptizas pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?" Paulo (Rm 11:2) refere-se a um incidente da sua vida como ilustração para o seu argumento de que Deus não rejeita o seu povo. Tiago (Tg 5:17) encontra nele uma ilustração para o poder da oração. Ver também Lc 4:25 e Lc 9:54. Elias era o tipo de João Baptista, no que se refere à severidade e poder das suas recriminações (Lc 9:8). Ele era o Elias que "havia de vir" (Mt 11:11,14), o percursor do nosso Senhor anunciado por Malaquias. Mesmo exteriormente, João Baptista corresponde tão intimamente ao profeta dos primeiros tempos, que ele poderá ser visto como um segundo Elias. Nele vemos "a mesma ligação às regiões incultas e desabitadas; os mesmos longos retiros no deserto; o mesmo início assustador e repentino no trabalho que cada um efectuou (1Rs 17:1; Lc 3:2); até o mesmo tipo de vestido de pelos que cada um usava e um cinto de coiro cingindo os lombos (2Rs 1:8; Mt 3:4)."
Foi tão profunda a impressão que Elias causou "na mente daquela nação, que eles acreditavam plenamente, baseando-se nas palavras de Malaquias (Ml 4:5-6), que muitos séculos depois ele viria novamente para aliviar e restaurar o país. Qualquer pessoa notável que apareça em cena, tendo hábitos e características semelhantes aos dele, mesmo o severo João em relação ao seu gentil Sucessor, é proclamado como sendo Elias (Mt 11:13,14; Mt 16:14; Mt 17:10; Lc 9:7,8; Jo 1:21). A Sua aparição em glória no monte de transfiguração parece não ter espantado os discípulos. Eles tiveram "um grande medo" mas não ficaram, de todo, surpresos

Nenhum comentário: